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A importância do cálculo orçamentário na história da Engenharia Brasileira parecia que ia se apagar com o tempo, a partir da implantação dos primeiros currículos formais, lá se vão mais de dois séculos.

Fonte: IME-EB
Ora, embora, explicitar este processo histórico seja difícil e um mais longo trabalho, fontes existem, para que permitamos investigar este interessante enfoque, e resgatar o que há de relevância e introduzir novas considerações.
A Real Academia de Artilharia, Fortificação e Desenho fundada em 1792, o tradicional Instituto Militar de Engenharia-IME, sediado na cidade do Rio de Janeiro, tinha um
curso matemático, em seis anos, com exercícios práticos de campo a partir do 2º ano. Esse curso destinava-se a formação de oficiais do Exército de todas as armas; os oficiais de infantaria e cavalaria faziam apenas os três primeiros anos.
Os de artilharia os cinco primeiros anos, e os de engenharia o curso completo. O sexto ano era dedicado exclusivamente a engenharia civil (embora esse nome ainda não fosse empregado), incluía o estudo de “corte das pedras e madeiras,
orçamento de edifícios, conhecimento dos materiais que entram na sua composição,” os melhores métodos para construção de caminhos e calçadas”, e também “hidráulica e as demais partes que lhe são análogas, como a arquitetura de pontes, aquedutos, canais, diques e comportas” (1).
A engenharia brasileira é pioneira em cursos superiores (1792), não tendo o registro de ser primeiro curso regular no mundo ocidental, mas com certeza somos mais antigos que West Point (Academia Militar Americana), e nascendo logo após a Escola de Engenharia Francesa. Isto serve para darmos valor á nossa história acadêmica e entendermos nosso processo de desenvolvimento e formação.
A partir da década de 1980, os cursos de engenharia no Brasil assumiram uma especificidade exagerada, restringindo-se a um tecnicismo restritivo e currículos distantes da vivência profissional. Daí tem-se fácil a visão da razão de ausências significativas de disciplinas efetivamente importantes, como a engenharia de custos, o que sintetizo na totalidade da grade da engenharia, pois, preços, valores, mercados, e concorrência, são os pontos chaves da realidade econômico-social, e os que conduzem o processo de desenvolvimento e crescimento, somos verdadeiramente, nós engenheiros.
Vai ser bom aqui lembrarmos o que é engenharia, engenharia não é técnica, é ciência profissional (2) que estuda e aplica as regras das construções civis, militares e navais, tendo no sentido amplo a capacidade de aplicar a ciência para utilizar os recursos da natureza, pondo-os a serviço do progresso humano, da maneira mais racional e econômica. A denominação provém do vocábulo
engenho, máquina, especialmente para fins bélicos, e remonta ao tempo – aliás, bastante recente – em que se aplicava a denominação aos técnicos militares, encarregados de produzir engenhos de guerra ou realizar construções de estradas, pontes, fortalezas, para o serviço dos exércitos.
Não é mais possível fazer verdadeira engenharia sem operar e calcular preços e custos, de forma clara, é exigência da sociedade. Justa exigência para a qual precisamos nos preparar, e apresentarmos aos cidadãos num formato de qualidade. E para isto o controle e o gerenciamento de custos é primordial, e deve funcionar com alta tecnologia em suas posições, “sendo nós os profissionais da área a serem valorizados a altura de responsabilidades e cargos diretivos, dando fim a era leiga da administração de empreendimentos de engenharia.”
Predecessores dos atuais engenheiros civis foram os
arquitetos, construtores e mestre de obras, que durante toda a Idade Média e parte da Moderna, trabalhando independentemente, ou nas corporações de ofício que faziam parte, realizavam o trabalho da engenharia urbana, construindo casas, igrejas, torres, canais, etc. Com a atual evolução, a engenharia, mesmo só a civil, subdivide-se em várias especializações, sendo aqui importante sim, que a engenharia de custos, assuma os novos caminhos de estimar e orçar com qualidade, total qualidade de gerenciar, porque o fim dos desperdícios nas construções, começam nos escritórios de planejamento, ás vezes evitando obras ou projetos inviáveis financeira ou economicamente, enfim a fase leiga acabou, além de uma especialidade, o mundo empresarial exige cálculos, cálculos precisos, com margens de exatidão, que possibilitem o sucesso dos empreendimentos (3), sejam eles de pequeno, médio ou grande porte.
1- Telles, Pedro Carlos da Silva; in História da Engenharia no Brasil (séculos XVI a XIX), 2ª edição.
2- Enciclopédia Brasileira Globo; org. Magalhães, Álvaro, vol.4, Editora Globo, Porto Alegre, 19ª edição 1981.
3- Pessôa. Neto, Djalma P.; Boletim do Conselho Regional de Engenharia do Rio de
Janeiro, 1991 e 1992.
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