Quarta-feira, 06 de Dezembro de 2023
Sustentabilidade é uma das prioridades do IBDA , e temos a parceria com o GRUPO SUSTENTAX.
A “Sustentax – Engenharia de Sustentabilidade “ é uma empresa do grupo, que se dedica a projetos de sustentabilidade de empreendimentos, desenvolve o gerenciamento de certificação de prédios, com base no critério LEED (Leadership in Energy na Environmental Design) criado pelo USGBC (U.S. Green Building Concil).
Saiba mais: www.sustentax.com.br
Neste mês de fevereiro de 2011, tive a oportunidade de visitar dois empreendimentos propalados na imprensa e na internet como “Ecoeficientes”: um é Shopping em Brasília e o outro um hipermercado na zona sul de São Paulo.
Se existe alguma exigência para que se possa chamar uma edificação de ecoeficiente, esta é a economia em energia quando comparada a outra convencional.
Em todos os critérios de certificação, a questão energética é tratada com rigor, sempre buscando minimizar seus custos operacionais, de modo a garantir um conforto térmico adequado aos funcionários, clientes e visitantes. Esse equilíbrio é buscado por meio do aproveitamento da iluminação natural, de ventos predominantes (se existirem), de isolamento térmico e outras medidas dessa natureza, que não deveriam impactar no custo de investimento (projeto e construção), pelo contrário, deveriam até reduzi-los (como no caso do ar condicionado, por exemplo).
O ar condicionado é um dos equipamentos de maior investimento, utilizados por ambas edificações (investimento inicial), e o seu consumo corresponde a cerca de 40% a 60% do valor total gasto em energia elétrica (operação). Por que não nos preocupamos em desenvolver projetos energeticamente eficientes em edificações de varejo?
Segundo estudo da California Board for Energy Efficiency Third Party Program, Heschong Mahone, “as vendas aumentam em até 40% em lojas com iluminação natural adequada”. Isto fez com que houvesse uma quebra no modo de conceber estes tipos de empreendimentos, antes uma caixa fechada, para não percebemos o tempo passar, agora, colocar iluminação natural é prioridade, não só devido ao fator de redução de consumo de luz artificial, mas também no quesito “sentir-se bem” do cliente.
Assim, faz-se necessário um equilíbrio entre iluminação natural e ar condicionado, pois a princípio quanto mais iluminação natural, mais carga térmica há no ambiente.
Além disso, deve-se também projetar de maneira a obter o aproveitamento correto da luz natural para não acontecer o mesmo do que as edificações visitadas que, certamente, fizeram com que o investimento em ar condicionado passasse a ser bem acima de um projeto se executado de forma a buscar o citado equilíbrio.
No caso do Hipermercado, as áreas para permitir entrada de iluminação natural foram colocadas no oeste e no sudoeste, franqueando a entrada de toda energia na parte da tarde. Resultado: uma carga térmica enorme e um desconforto sentido pelos operadores das caixas registradoras que afirmaram ser um “calor infernal” e que o ar condicionado, nessa área de trabalho, é insuficiente.
Essa situação em nada economiza energia, pelo contrário, faz os gastos irem lá para cima, pois os funcionários ficam insatisfeitos, perdem produtividade e estão sujeitos a erros mais freqüentes e os clientes, se descontentes, não voltam mais!
O mais incrível é que encontramos pelo interior do hipermercado, que se anuncia como “LOJA ECO”, placas informando: “mais luz natural”, “esta loja economiza energia”... Enganam-se a si mesmos e tentam fazer isso com os consumidores. Os funcionários sabem que não é verdade, na pele de quem trabalha todos os dias sujeitos ao sol das tardes de verão.
O shopping de Brasília também não soube aproveitar a iluminação natural de forma racional. Com um domo central e asas laterais, todos com telhados de vidro, praticamente aberto ao sol na direção próxima à leste-oeste, permitem que os raios solares adentrem o interior e aumentem a carga térmica.
Estes dois casos não são isolados. Devem existir inúmeros projetos com os mesmos erros básicos e devemos nos preocupar em evitá-los de modo a desenvolver projetos arquitetônicos de forma integrada com todas as especialidades envolvidas em energia (arquitetura, ar condicionado, elétrica, hidráulica e luminotécnica), desde o primeiro momento.
Um dos equívocos mais comuns que temos visto são projetos arquitetônicos desenvolvidos de forma independente e que depois de prontos e aprovados pelos clientes têm convocado especialistas das outras áreas para encontrar as soluções para os problemas já criados.
Outra forma interessante de se projetar edificações eficientes é buscar obter níveis elevados no PROCEL EDIFICA, que hoje já tem orientações para prédios residenciais e comerciais. No mais, é parar o greenwash (maquiagem verde, isto é distorções dos conceitos para se fazer parecer sustentável sem ser) e a enganação ao consumidor!
A solução é partir para edificações certificadas em seu projeto, construção e operação pelo critério que o empreendedor entender que agregue mais valor ao seu negócio.
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