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por Engº Ms. Sérgio Frederico Gnipper

Aquecedores a gás: não seja você a próxima vítima!



Aproxima-se o inverno, e com ele dias muito frios. Em certas regiões do país sequer se ousa manter abertas frestas em janelas, principalmente em apartamentos de andares elevados dos edifícios, com franca incidência de ventos gelados. Esta situação, ocorrendo em ambientes onde estão instalados equipamentos a gás, em especial os aquecedores a gás, pode ser fatal.
Somente no município de Curitiba, nos últimos cinco anos, foram oficialmente registradas 27 mortes de moradores de apartamentos causadas por erros na instalação e funcionamento de aquecedores a gás!

Como o assunto envolve conhecimentos técnicos, nem sempre o morador está devidamente informado dos riscos que pode estar correndo dentro do seu próprio apartamento. Para evita-los é aconselhado promover uma inspeção nos equipamentos a gás existentes e nas condições de ventilação dos ambientes em que estão alojados.

A melhor ação, neste caso, é preventiva, no sentido de se verificar se todos os equipamentos a gás, em especial os aquecedores de água dos apartamentos, seguem certas condições de segurança ligadas à correta instalação e operação, atendendo a requisitos determinados nos manuais de instalação dos respectivos fabricantes. Todos esses requisitos estão reunidos em norma técnica da ABNT, a NBR 13103:2006 “Adequação de ambientes residenciais para utilização de aparelhos que utilizam gás combustível”, cuja linguagem pode não estar acessível à maioria das pessoas sem formação técnica.

Entretanto, os itens mais importantes são de fácil verificação e podem ser checados pelos próprios moradores. Eles serão mostrados a seguir neste artigo. Todos os equipamentos residenciais que utilizam gás combustível canalizado, seja ele o gás natural (GN) ou o gás liquefeito de petróleo (GLP) e, em algumas localidades o gás manufaturado (GM), principalmente fornos, fogões, secadoras, churrasqueiras, lareiras, calefadores de ambiente e aquecedores de água a gás, obtêm calor a partir de sua queima.

A queima do gás é uma reação química de combustão dele com o oxigênio presente no ar atmosférico, geralmente tomado do próprio ambiente onde o aparelho está instalado.

Essa reação gera calor, que é aproveitado em grande parte de forma útil no equipamento, por exemplo, para aquecer água, gerar ar quente, irradiar calor para o ambiente, etc. Dessa reação química resultam, além do calor, gases quentes como produtos de combustão, que devem ser eliminados do equipamento e também do ambiente em que este se encontra instalado.

Quando a queima do gás combustível se dá em condições ideais, ditas estequiométricas, o que é raro na maioria dos equipamentos em operação, os gases quentes de combustão se resumem ao gás carbônico e vapor de água. Esta situação pode ser avaliada olhando-se para a chama do queimador do aparelho a gás: ela deve se manter uniforme e estável, sem oscilações na ausência de incidência de vento, e apresentar cor azul característica.

Entretanto, quando a queima não é perfeita, além desses produtos de combustão, ocorre emissão de monóxido de carbono, um gás extremamente tóxico para humanos e animais.

Este é um gás inodoro e incolor que se mistura facilmente com o ar atmosférico e pode retornar para dentro do local de instalação de um equipamento a gás com deficiência de queima e eliminação de gases quentes resultantes da combustão do gás. A ausência de cheiro e cor do monóxido de carbono impedem que sua presença seja identificada num determinado ambiente.

Quando inalado, o monóxido de carbono é preferencialmente absorvido pelas hemáceas do sangue dentro dos alvéolos pulmonares em relação ao oxigênio do ar, pois reage 200 vezes mais rápido do que este com a hemoglobina. Dessa forma, as hemáceas, no lugar de transportarem oxigênio, convertendo sangue venoso em arterial, acabam transportando esse gás tóxico em seu lugar.

A excessiva concentração de monóxido de carbono, gerado por um equipamento a gás com queima imperfeita, num ambiente com portas e janelas fechadas, pode levar rapidamente a um quadro de dor de cabeça, tontura, redução e perda dos sentidos, desmaio e morte por asfixia numa pessoa ou animal doméstico que, inadvertidamente, nele adentre e permaneça por alguns instantes.

Isto acontece pela falta de oxigenação adequada às células do cérebro, e a vítima tem uma rápida sensação de fraqueza, dificuldade de percepção através dos sentidos físicos e forte sono, seguidos do súbito desmaio, geralmente sem volta se o socorro não for imediato!

O gráfico abaixo mostra as possíveis conseqüências da inalação prolongada de monóxido de carbono presente em baixas concentrações no ar ambiente, ou seja, ar com uma concentração normal de oxigênio. Vale ressaltar que a periculosidade aumenta consideravelmente, mesmo com baixas concentrações de monóxido, se o ar ambiente tiver reduzida a concentração de oxigênio, consumido na combustão do gás e não suficientemente renovado.

Efeitos da inalação de monóxido de carbono em baixas concentrações no ar ambiente

A queima inadequada de gás combustível em equipamentos a gás pode ser constatada visualmente quando a chama apresenta cor amarela, relegando a cor azul apenas à sua base. Por vezes ocorre a emissão, junto com os gases quentes, de uma fuligem preta que facilmente se deposita em superfícies frias que lhe sirvam de anteparo, chamada de negro-de-fumo, constituída principalmente de carbono. Essa fuligem também é indicativa da formação do perigoso monóxido de carbono como produto de combustão.
Aquecedor sem chaminé com queima incompleta e emissão de fuligem

A queima incompleta do gás combustível, com produção desse gás tóxico, pode se dar por:
Presença de sujeira e resíduos no conjunto queimador do equipamento
Falta de regulagem da admissão de ar e gás combustível em proporção adequada pré-queima;
Insuficiência de aporte de ar para a combustão (ventilação insuficiente do ambiente)
Dificuldade de exaustão imposta aos gases quentes resultantes da combustão.
Os dois primeiros fatores são de responsabilidade exclusiva dos moradores, a quem compete manter os dispositivos de queima dos equipamentos a gás sempre limpos e bem regulados. Para isso, pode-se contar com o concurso de um técnico especializado em equipamentos a gás, e uma boa oportunidade é a manutenção, limpeza e regulagem feitas justamente no período que antecede os dias frios de inverno.


Esse serviço preventivo é rápido, de baixo custo e realizado no local, sem necessidade de remoção dos equipamentos. Geralmente é feita uma limpeza nos queimadores, com remoção de fuligem, resíduos e oleosidades aderidos, desobstrução e limpeza ou substituição dos bicos injetores de gás, além da correta regulagem da admissão de ar para a combustão.

Os resultados compensam plenamente, uma vez que, além da maior segurança para os moradores, geram economia em longo prazo, pois uma combustão perfeita resulta em melhor aproveitamento do gás e máxima geração de calor útil no equipamento. Em resumo, o que se gasta em manutenção preventiva, neste caso, retorna mais tarde na forma de economia de gás.

Já os demais fatores causadores de queima insuficiente do gás nos aparelhos domésticos têm maiores implicações, pois dependem de como e onde está instalado o aparelho a gás, e também de sua potência térmica.

Quanto maior for a potência térmica do equipamento, ou seja, quanto maior a sua capacidade de queima de gás e geração de calor, mais oxigênio do ar ambiente irá consumir e mais gases quentes de combustão serão produzidos. Os aparelhos de maior potência calorífica são os aquecedores de água instantâneos, conhecidos como aquecedores de passagem, e geralmente constituem as situações mais críticas nos apartamentos, e que requerem maior atenção.

Ventilação adequada de ambiente que contém equipamentos a gás

Qualquer equipamento a gás em operação consome oxigênio do ar. Na maioria dos casos, este provém do próprio ambiente onde ele se encontra instalado. Este é o caso, por exemplo, de fornos, fogões, secadoras, churrasqueiras, lareiras e calefadores (aquecedores de ambiente) a gás. Por isso eles são ditos de combustão aberta, combustão atmosférica ou com tomada de ar ambiente. Em geral são aparelhos cuja potência térmica é pequena.

A queima do gás nestes aparelhos requer a reposição do ar consumido, o que se dá por aberturas permanentes de ventilação natural. Normalmente eles nunca são instalados em locais que possam ficar completamente estanques, sendo, por vezes, suficientes pequenas aberturas para outros ambientes ventilados e de maior volume com os quais se comunicam, tais como as frestas sob as portas divisórias, ou pequenas aberturas permanentes em janelas e caixilhos que abrem para o exterior.

A referida norma técnica da ABNT determina que um equipamento a gás só pode ser instalado num local dotado de aberturas que provejam ventilação permanente com área total à razão de 1,5 cm² para cada quilocaloria por minuto (kcal/min) de potência térmica nominal do aparelho, ou seja, de 1,5 cm²/kcal/min.

Isto significa, por exemplo, que uma lareira a gás, cuja placa de fabricação indica potência nominal de 100 kcal/min, só pode ser instalada numa sala onde haja abertura de ventilação permanente com área mínima efetiva de frestas de (1,5 x 100) = 150 cm². Se a potência térmica do equipamento vir indicada em quilocaloria por hora (kcal/h), basta antes dividir o valor por 60 para obter o correspondente em quilocaloria por minuto.

Para que o fluxo de renovação natural do ar ambiente consumido pela combustão do aparelho ocorra sem dificuldade, as aberturas de ventilação permanente devem ter frestas de pelo menos 8mm na menor dimensão quando, por exemplo, constituídas por grelhas metálicas abrindo para o exterior (situação mais freqüente), situação ilustrada na foto abaixo.
Aberturas de ventilação permanente inferior e superior com grelhas metálicas em paredes externas

Além disso, as cozinhas dos apartamentos, onde são instalados fornos e fogões convencionais a gás de até 183 kcal/min, devem ter ao menos duas aberturas de ventilação permanente totalizando área efetiva mínima de abertura de frestas de 200 cm². Uma abertura superior deve ter ao menos 100 cm² e a inferior no mínimo 25% da área total requerida.

Entretanto, lamentavelmente isto é muito raro de se ver em edifícios residenciais, porém item de presença obrigatória nos prédios de produção comercial projetados e edificados desde 1994, na vigência do Código de Defesa do Consumidor.

Já ambientes que contém fornos e fogões mais potentes, acima de 183 kcal/min e os destinados a aquecedores a gás convencionais, como costuma ser o caso das lavanderias de apartamentos, devem atender a requisitos mais rigorosos, devido à maior potência térmica nominal desses equipamentos.

Neste caso, devem ser previstas duas aberturas permanentes simultâneas, com a finalidade de prover fluxo ar externo para a combustão, em renovação ao ar consumido na queima do gás dentro do aquecedor, sendo uma abertura superior e outra inferior, permitindo o que se chama de ventilação cruzada. A melhor situação é aquela em que ambas as aberturas se comunicam diretamente para fora e se situam em paredes externas opostas ou contíguas.
Aberturas de ventilação permanente superior e inferior em ambiente contendo aquecedor convencional a gás

A ventilação inferior deve ter uma área efetiva mínima de abertura de frestas de 33% da área total calculada para o ambiente. O seu topo não pode ficar situado mais do que 0,80m acima do nível do piso interno. Na impossibilidade de se comunicar diretamente para o exterior, é tolerado que essa abertura se dê para um outro ambiente anexo (exceto dormitório), por sua vez dotado de ventilação permanente inferior de área equivalente se o seu volume for inferior a 30 m³.

Neste caso, a abertura inferior da área de serviço pode ser alojada na parte inferior da porta ou parede que a separa da cozinha, por exemplo.

A ventilação superior deve ter área efetiva de abertura de frestas mínima de 400 cm², com a base situada a não menos de 1,50m acima do piso interno, preferencialmente se comunicando com o exterior do edifício.

Sob certas condições, também pode abrir para dutos de ventilação próprios para esse fim, providos ou não de ventilação mecânica.

A título de exemplo, uma lavanderia que contenha um aquecedor de passagem de alta potência com combustão atmosférica, com queimador de 800 kcal/min requer uma área total de ventilação de (1,5 x 800) = 1200 cm².

Uma boa distribuição dessa área total é deixar 1/3, ou 400 cm² como área da abertura inferior e os outros 2/3, ou 800 cm², como área da abertura superior.

Um aquecedor de menor potência, por exemplo, com potência nominal de 400 kcal/min, exigirá área total calculada em (1,5 x 400) = 600 cm², neste caso caindo nos valores mínimos admitidos pela norma da ABNT, a saber: 200 cm² para a abertura inferior e 400 cm² para a superior.

É muito freqüente encontrar em cidades verticalizadas do país edifícios com menos de 13 anos de construção completamente desprovidos de aberturas de ventilação permanente e/ou com janelas e caixilhos que permitem vedação completa, ou com áreas de abertura de frestas muito inferiores à necessidade dos respectivos equipamentos a gás, principalmente em se tratando de aquecedores de passagem, ou ainda sem a abertura de ventilação inferior.

A foto abaixo mostra um caso típico, onde só existe a ventilação superior, feita por pequenos furos situados acima das lâminas deslizantes de vidro, com tamanho menor do que 8mm de fresta, e com área total muito abaixo dos 400 cm².
Aquecedor instalado em ambiente com ventilação superior insuficiente e sem ventilação inferior

Até serem feitas as inspeções prediais que resultaram num laudo técnico orientativo das medidas corretivas e preventivas a proceder nas instalações prediais hidráulico-sanitárias e de gás, e tomadas providências imediatas, os seus desavisados moradores não estavam conscientes do permanente risco que corriam de serem as próximas vítimas de morte por asfixia ou intoxicação causadas pelo aquecedor a gás.

Ou seja, sem saber, estavam vivendo num apartamento recém construído cuja lavanderia foi entregue pela construtora em condições de completa arapuca! Vale ressaltar que essas advertências e restrições só se aplicam a aquecedores ditos de combustão aberta ou atmosférica, que tomam o ar do próprio ambiente para realizar a queima do gás, aliás, os mais comuns e de menor custo no mercado.

Existem, no entanto, aquecedores de combustão fechada, que tomam ar exclusivamente do exterior, através de um duto (tubo) metálico flexível, aspirado por uma ventoinha situada dentro do próprio equipamento. Neles, há uma câmara de combustão selada, ou seja, o local onde ocorre a queima do gás não tem nenhum contato ou abertura com o ambiente em que o aparelho é instalado. Com isso, impossibilitam uma redução perigosa da concentração de oxigênio do ar ambiente e a dispersão de monóxido de carbono causada por queima deficiente do gás.

Também estão sendo oferecidos no mercado aquecedores de água a gás de combustão aberta dotados de um sensor indicativo da redução de oxigênio no ambiente. Este desliga automaticamente o equipamento e corta o fluxo de gás para o queimador quando a concentração de oxigênio no ar do ambiente cair abaixo de 19,5%, o menor limite considerado seguro para pessoas e animais.

Mais recentemente se tornaram disponíveis aquecedores a gás que, além de tomada direta de ar externo para queima do gás e câmara de combustão selada, também apresentam saída dos gases quentes forçada por ventoinha própria ou por circulação convectiva natural, sem nenhum contato com o ambiente interno, chamados aquecedores de fluxo balanceado. Este tipo de aquecedor a gás pode ser instalado com total segurança até mesmo dentro de banheiros.
Princípio de funcionamento de um aquecedor de fluxo balanceado
Terminal específico e duplo duto concêntrico de aspiração e exaustão de aquecedor de fluxo balanceado

Em apartamentos desprovidos de aberturas adequadas de ventilação permanente, ou onde a adequação às normas técnicas é mais difícil, um bom recurso pode ser a sumária substituição do aquecedor convencional de combustão atmosférica por um destes dois modelos citados, apesar do seu custo mais elevado. Porém, viver em segurança não tem preço!

Instalação adequada de aquecedores a gás

Os aquecedores de água a gás convencionais, além da combustão aberta, apresentam tiragem natural. Isto significa que os gases quentes de combustão são expelidos para o exterior, através das respectivas chaminés de exaustão, unicamente por estarem mais quentes e serem mais leves do que o ar atmosférico existente dentro do ambiente onde se alojam. Isto porque gases quentes apresentam uma natural tendência ascensional, a exemplo dos balões dirigíveis e mesmo dos balões soltos em festas juninas.

Os fabricantes de aquecedores calculam o poder ascensional, ou tiragem, dos gases quentes de combustão dos seus equipamentos, um valor limitado para cada modelo, e determinam o diâmetro mais adequado para a saída desses gases, onde será alojada a respectiva chaminé.

Por esta razão, existem limitações de suma importância relativas à localização do aquecedor a gás de tiragem natural em relação à parede externa do ambiente que o contém, e à instalação da própria chaminé.

Se houver dificuldade para a saída dos gases quentes em aquecedores de combustão aberta, eles poderão em parte retornar para dentro do local que os abriga, e neles introduzir o famigerado e tóxico monóxido de carbono.

Por exemplo, uma chaminé com comprimento excessivo pode favorecer em dias frios um resfriamento parcial dos gases quentes de combustão, com redução de sua densidade e alteração nas condições de queima, tornando a chama mais amarela, com produção de monóxido.

Por outro lado, facilidade excessiva para o escape dos gases quentes de combustão para a atmosfera, acima do previsto pelos fabricantes dos aquecedores a gás, também não é recomendada, pois isto provoca um fluxo de ar exagerado em direção ao queimador e pode causar o repentino apagamento da chama, e conseqüente vazamento de gás para dentro do ambiente, com risco de intoxicação e até de incêndio.

A mesma norma técnica NBR 13103:2006 fixa as condições para a correta instalação de aquecedores de água a gás com combustão atmosférica e tiragem natural. A figura abaixo é válida tanto para aquecedores de acumulação (com tanque para reserva de água quente) quanto para aquecedores instantâneos ou de passagem (que aquecem a água no momento de sua passagem pelo aparelho).



Esta norma exige que todo aquecedor de água a gás tenha uma chaminé, para que os gases quentes sejam conduzidos para fora do apartamento. A chaminé deve ter diâmetro uniforme e igual ao diâmetro da saída de gases de combustão do aquecedor. Assim, se o aquecedor instalado possuir uma saída de 125 mm de diâmetro, a chaminé também deverá possuir esse mesmo diâmetro (equivale a 5 polegadas).

É proibido instalar chaminé com diâmetro inferior ao da saída do aquecedor ou reduzir esse diâmetro no meio da chaminé, pois, nestes casos, haverá um estrangulamento dificultador da exaustão dos gases.


Entretanto, em certas condições, é possível aumentar esse diâmetro para compensar a dificuldade de fluxo causada por comprimento exagerado ou curvas em excesso na chaminé; porém, isto requer cálculos de engenharia que só um profissional especializado pode realizar de forma adequada. Além disso, o trecho horizontal da chaminé deve ser o mais curto possível e estar instalado com uma inclinação mínima para cima em direção ao exterior, subindo pelo menos 2 cm a cada metro de extensão (ou 2% de declividade). Essa inclinação favorece o fluxo de gases quentes para fora, pois tendem a subir.
Erros de instalação: aquecedor desprovido de chaminé (esq.) e redução do diâmetro da chaminé (dir)
Erros de instalação: trecho horizontal de chaminé com inclinação descendente (esq) e extensão excessiva, sem inclinação (dir)

Em princípio, o trecho vertical de chaminé, logo acima do aquecedor, deve ter uma extensão mínima de 35 cm, a contar do topo da gola ou defletor do equipamento, onde se inicia a chaminé, até a base do trecho vertical subseqüente. Também, a chaminé deve ter uma única curva de raio longo de até 90° e o comprimento mínimo do trecho horizontal não deve ultrapassar a 2,00m.

Quando algum desses três requisitos não puder ser observado, é necessário prover alguma forma de compensação, por exemplo, criando um trecho vertical adicional fora do apartamento, rente à parede externa, neste caso dotado de um chapéu chinês (terminal em formato cônico) na extremidade. Outras formas de compensação são, por exemplo, o aumento do diâmetro da chaminé e a redução no ângulo da curva, de 90° para 45° ou menos.

Adverte-se, no entanto, que estas situações excepcionais são admissíveis, mas requerem cálculos de engenharia apropriados, mediante concurso de um profissional especializado que estudará as alternativas possíveis e indicará a melhor solução para cada caso.

Vale ressaltar que a exigência de comprimento mínimo de 35 cm para o trecho vertical da chaminé deve ser considerada quando o aquecedor possui um defletor em forma de gola na parte superior do equipamento (ver fotos acima). Entretanto, há aquecedores com tomadas de ar laterais para a exaustão de gases, na forma de aberturas horizontais superpostas, como a da figura abaixo (à direita). Neste caso, a exigência de altura passa a ser de 60 cm, contados a partir da base da abertura mais inferior no aparelho, até a base do trecho horizontal da chaminé.
Erros de instalação: inexistência (esq) e insuficiência de altura do trecho vertical (dir) da chaminé(dir)

Outro cuidado que deve ser objeto de verificação é a obrigatoriedade da existência de um terminal adequado na extremidade externa da chaminé, quando ela descarregar os gases de combustão para o ar livre ou área externa do edifício. É proibido expelir gases de combustão dentro do apartamento.

O terminal se destina a permitir o correto expelimento desses gases sem prejudicar as condições adequadas de tiragem. Sua ausência aumenta o fluxo de gases na saída e de ar atmosférico sobre a chama, possibilitando o seu apagamento e causando desregulagem na proporção correta de oxigênio e gás combustível para a queima ideal, com chama estável e totalmente azul.Também a falta do terminal possibilita a entrada de água de chuva, impelida pelo vento, dentro da chaminé, e daí para o interior do aquecedor, possibilitando o apagamento da chama.
Erros de instalação: Terminal dentro da edificação (esq) e posicionado na direção horizontal (dir)

Outro risco, onde não há terminal instalado, quando a extremidade externa da chaminé se abre para uma fachada do edifício voltada contra as direções de ventos fortes (mais freqüentes os de leste e nordeste em Curitiba), é o sumário apagamento da chama. Isto porque o terminal também tem a função de dificultar a incidência direta de ventos sobre o interior da chaminé.

Em relação a esse aspecto, a posição do terminal é relevante. Ele não deve ficar instalado junto a concavidades e cantos côncavos na fachada externa do edifício, como na foto acima à direita, pois são regiões de estagnação do vento de incidência direta, e locais que favorecem a formação de sucção quando os ventos incidem perpendicularmente. Neste caso, o apagamento da chama poderá ocorrer com freqüência sempre que ocorrer um vento forte.

Como os gases quentes que escapam pelo terminal apresentam tendência ascensional, é errado instala-los com sua maior dimensão na direção horizontal, pois isto é um dificultador para o seu livre escoamento e pode alterar as condições que mantém a chama estável e a queima em proporções ideais. Outro erro freqüente é a instalação do terminal encostado na fachada externa do prédio e até recuado em relação a ela, dificultando a saída dos gases quentes e contribuindo para o chamuscamento da pintura ou do revestimento externo.
Erros de instalação: terminal da chaminé recuado (esq) e encostado (dir) na fachada do edifício

O terminal deve distar pelo menos 10 cm da superfície exterior do edifício. Esta distância mínima permite uma circulação de ar adequada, que possibilita a tiragem correta e exaustão natural e impede que o calor dos gases quentes seja transferido em parte para a parede externa.

Finalmente, vale lembrar que um aquecedor a gás representa um enorme conforto para os moradores, com fornecimento de água quente de forma rápida e satisfatória, sendo atualmente mais econômico para esta finalidade do que um correspondente aquecedor elétrico.

Para que esse conforto e economia ocorram de forma segura para os moradores, é imprescindível que os aquecedores a gás estejam instalados de forma correta, em ambiente adequadamente ventilado, e sejam mantidos sempre bem regulados. Em caso de suspeita de presença do gás tóxico monóxido de carbono no ambiente de instalação do aquecedor de combustão aberta, deve-se solicitar a presença de um técnico especializado, de uma empresa de manutenção de equipamentos a gás de confiança, para fazer a medição da concentração desse gás.
Detecção da concentração de monóxido e oxigênio no ambiente

É um procedimento rápido e de baixo custo, feito com um analisador de gás que, além do monóxido, também pode medir a concentração de oxigênio no local que aloja o aquecedor.

Em caso de dúvida quanto à correta instalação do equipamento a gás e ventilação adequada no ambiente, deve-se solicitar a um profissional especializado uma inspeção predial. Havendo alguma irregularidade, ele emitirá um laudo técnico explicativo, contendo orientações das medidas corretivas que deverão ser tomadas em cada caso.

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