por Marco Ulgheri
Trata-se de uma técnica de pintura decorativa utilizada nos mais diversos tipos de ambientes e estilos, cuja origem afunda suas raízes ha muitos séculos atrás.
Um pouco de história
Mesmo havendo exemplos desta técnica em pinturas mais antigas, se acredita que a grande tradição ocidental da marmorização nasceu logo após a queda do império romano, quando na construção das igrejas cristãs eram utilizados materiais de espólio dos templos e construções da Roma imperial.
Com o passar do tempo os mármores utilizados nos edifícios romanos não foram mais suficientes para a demanda, vendo-se assim, os construtores de igrejas, obrigados a fatiar literalmente cada peça de mármore para aproveitá-la da melhor forma, multiplicando deste modo a superfície que cada peça conseguia cobrir.

Obra de Marco Ulgheri: Residência oficial do Primeiro Ministro Italiano / Roma - Itália
Deste passo, as "fatias" ficaram cada vez mais sutis, não podendo ser ulteriormente cortadas, e como encontrar o material estava se tornando cada vez mais difícil, as paredes das igrejas começaram então a ter suas superfícies cobertas por pinturas imitando mármores.
O que começou sendo motivado por razões de escassez de matéria prima, com o passar do tempo assumiu status de arte. No começo rudimentares, no curso dos séculos, estas pinturas ficaram cada vez mais rebuscadas, não somente na cada vez mais perfeita imitação dos mármores presentes em natureza, mas também na criação fantasiosa de novas soluções estéticas, cujo efeito remetia ao mármore sem mesmo este existir.
Em grandes obras, como Igrejas e palácios reais, por exemplo, as equipes de pintura, capitaneadas pelo artista chefe, contavam com especialistas em cada área, havendo artistas de figuras, outros de arquiteturas, outros ainda de molduras e ornamentos em falso-relevo, e assim por diante.
Na execução de mármores havia também seus especialistas, e na época barroca temos os mais belos exemplos de quão refinada fosse a capacidade manual destes artesãos. Artesãos, sim, pois a partir desta época a extrema especialização fazia com que o pintor, no curso de sua vida inteira, repetisse inúmeras vezes o mesmo trabalho, utilizando-se de um limitado arsenal de técnicas na execução de suas pinturas, não participando da parte criativa e de projetação da obra como um todo, mas limitando-se à execução de somente a parte que a ele cabia.
A marmorização na decoração contemporânea
Hoje em dia, esta técnica continua sendo largamente utilizada na decoração, pois ao contrário do que aconteceu com outras técnicas de pintura artística e decorativa, esta conseguiu adaptar-se aos novos cânones estéticos, e acompanhar a decoração de ambientes que se tornaram cada vez mais "limpos", "clean", "minimalistas", conforme a tendência que a decoração contemporânea parece exigir.
A marmorização pode continuar sendo utilizada, como no passado, em conjunto com outras técnicas pictórica, na composição de ricos triunfos decorativos, com figuras, paisagens ou perspectivas, falsos relevos, trompe l'oeil, etc, assim como protagonizando a decoração, com inteiras superfícies marmorizadas com o mesmo tipo de mármore, ou compondo geometrias policromas.

Obra de Marco Ulgheri: Capela de Santo Antônio / Minas Gerais - Brasil
Em todo caso um ambiente decorado com marmorizações, por sua ontológica naturalidade, mantém-se delicado, harmonioso, e nunca grosseiro, mesmo utilizando cores e formas incisivas (desde que executado por um bom artista!).
As técnicas, os materiais
Há diversas maneiras para se conseguir o efeito marmorizado. Podem ser utilizadas tintas a fresco, a base de água, tintas a óleo, e todos os mais diversos produtos da indústria química moderna.
As técnicas de execução (uma grande variedade de materiais são utilizados, como pincéis, esponjas, panos, etc.) não somente dependem do tipo de mármore a ser pintado, mas também são vinculadas ao material que o artista utiliza em seu trabalho.
Materiais de secagem mais lenta (esmalte ou óleo, por exemplo) tem a vantagem de facilitar o trabalho do artista deixando mais tempo para que ele alcance o efeito desejado. Outros, ao contrário, secando mais rapidamente ou não aceitando retoques ou demãos sucessivas, exigem que o artista saiba exatamente o que fazer ao começar seu trabalho, não tendo chances de errar uma vez começado.
Grandes resultados foram obtidos no passado com materiais e técnicas hoje consideradas muito complexas e desafiadoras (o afresco, por exemplo). Isto demonstra que para uma boa marmorização o que conta mais não é a técnica ou o material, mas a
mão do artista.
Marco Ulgheri, artista italiano radicado no Brasil há muitos anos. Especialista em técnicas de pintura antiga, realiza decorações de ambientes e restaura seguindo os cânones da estética clássica. Trabalha também com arte contemporânea.(www.ulgheri.it)
Fonte:www.marmorizacao.com.br
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